A Coca-Cola afirmou que seguirá utilizando xarope de milho com alto teor de frutose como adoçante principal em suas bebidas nos Estados Unidos.
A declaração foi feita após o presidente Donald Trump anunciar, em rede social, que teria convencido a empresa a adotar açúcar de cana no país, como ocorre em mercados como o México e o Reino Unido.
Em comunicado inicial, a Coca-Cola agradeceu o “entusiasmo do presidente Trump” e mencionou “novas ofertas inovadoras” em sua linha de produtos. Não houve confirmação de alterações na composição da fórmula tradicional.
Dias depois, a empresa divulgou novo posicionamento defendendo o uso do HFCS, apontando que o ingrediente é amplamente adotado na indústria de bebidas nos Estados Unidos.
A Coca-Cola destacou que o xarope possui valor calórico semelhante ao do açúcar de mesa e é metabolizado da mesma forma pelo corpo humano.
Citou também posicionamento da American Medical Association, que em 2023 afirmou não haver evidências suficientes para restringir o uso do HFCS ou exigir rótulos de advertência.
A reação da empresa ocorreu após Trump afirmar que “conversou com a Coca-Cola sobre o uso de açúcar de cana de verdade” e que a companhia teria aceitado a proposta. “Será uma boa iniciativa deles — vocês vão ver. É simplesmente melhor!”, escreveu o presidente.
Atualmente, o refrigerante vendido nos Estados Unidos utiliza xarope de milho com alto teor de frutose, corante caramelo, ácido fosfórico, cafeína e aromatizantes naturais.
No México, a Coca-Cola é fabricada com açúcar de cana e engarrafada em vidro, sendo exportada para os EUA como “Mexican Coke” e vendida a preços mais altos.
Qual o impacto de uma possível mudança?

A substituição do adoçante padrão poderia ter impacto no setor agrícola. Nos anos 1980, a Coca-Cola passou a usar HFCS em substituição ao açúcar de cana, aproveitando subsídios concedidos aos produtores de milho e tarifas de importação aplicadas ao açúcar estrangeiro.
Reverter esse processo elevaria os custos de produção, especialmente com a manutenção de tarifas impostas pelo próprio governo Trump a países exportadores de cana.
O presidente continua a consumir Coca-Cola Diet, produto que não leva nem xarope de milho nem açúcar de cana, mas sim aspartame, adoçante artificial de baixa caloria.
Durante seu mandato anterior, Trump instalou um botão em sua mesa no Salão Oval para acionar a entrega da bebida. Em janeiro de 2025, o CEO da Coca-Cola, James Quincey, presenteou o presidente com uma garrafa inaugural do produto durante a posse presidencial.
A declaração de Trump ocorre no mesmo período em que ele enfrenta pressões políticas por temas diversos, incluindo a liberação de arquivos ligados a Jeffrey Epstein.
Além disso, o secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., tem atuado na campanha “Make America Healthy Again”, que defende a exclusão de ingredientes como o HFCS da alimentação industrializada.