O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo federal pode criar um teto para os juros para o consignado privado, do programa Crédito do Trabalhador. A análise é feita a partir de um balanço dos primeiros meses de funcionamento do programa que concede linha de crédito a trabalhadores do regime CLT.
Em entrevista ao canal Nath Finanças, divulgado na noite desta terça-feira (22), Haddad afirmou que esse assunto será discutido a partir da evolução do programa. Atualmente, a taxa média de juros do consignado privado é de 55,6% ao ano, segundo dados do Banco Central (BCB).
Uso do FGTS

O líder da pasta econômica também comentou sobre o uso de qual percentual do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) a ser usado como garantia do empréstimo. Assim como o teto de juros, para ele, é preciso analisar o funcionamento do Crédito do Trabalhador em um recorte dos primeiros meses.
Haddad também comparou os modelos do consignado do trabalhador com o de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ele afirma ter conversado com bancos no início do programa a respeito das diferenças entre as duas modalidades.
“O INSS e o setor público são muito homogêneos. Eu sei que o ‘cara’ vai receber o salário, o que vai receber a aposentadoria. No caso do setor privado, aquele trabalhador, qual é o histórico dele? Quantas vezes ele trocou de emprego ao longo dos últimos 5 anos? Qual é a saúde financeira da empresa dele? Porque, afinal de contas, depende de a empresa pagar o salário para poder receber”, disse ao programa da Nath Finanças.
Ele explica que há variáveis que não se aplicam ao aposentado e ao servidor público.
“Então, o que se convencionou seis meses atrás? Vamos soltar o programa, vamos acompanhar a evolução do programa, e aí essas duas questões, FGTS e teto, a gente discute a partir deste aprendizado. Então, nós estamos na fase de aprendizado, mas não estou falando que é uma coisa que vai acontecer daqui três anos, estou falando que é uma coisa que vai acontecer daqui três meses”, declarou Haddad.
Crédito do Trabalhador
O programa Crédito do Trabalhador foi lançado pelo governo federal em março de 2025. Ele permite que os brasileiros que trabalham de carteira assinada usem 10% do saldo do FGTS como garantia para obter crédito consignado.
Há também a possibilidade de usar a multa rescisória (40% do fundo), em caso de demissões sem justa causa. As parcelas do empréstimo são descontadas diretamente na folha de pagamento.
O processo de contratação pode ser iniciado através da Carteira de Trabalho Digital ou diretamente com as instituições financeiras, com juros em que a taxa média foi de 3,75% em maio. A variação depende do banco e do perfil do cliente.