Laura Dern amava sua mãe, e isso ficava evidente sempre que ela tinha a oportunidade de falar sobre o assunto.
Em uma conversa gravada, apenas duas semanas antes da morte de sua mãe, Diane Ladd, nesta segunda-feira (03/11), a atriz vencedora do Oscar falou, comoventemente, sobre seus pais para um episódio do podcast Variety Awards Circuit.
Embora Laura Dern tenha participado do programa para falar sobre suas atuações em Jay Kelly (2025), de Noah Baumbach, e Isso Ainda Está de Pé? (2025), de Bradley Cooper, ela também compartilhou reflexões pessoais sobre família, longevidade e propósito — temas que permeiam tanto sua obra quanto sua vida.

Há um brilho especial que emana de Laura Dern quando ela fala sobre sua mãe. Sentada à sua frente naquela tarde de outubro, observei como toda a sua postura mudou no instante em que começamos a falar sobre Diane Ladd. Sua voz suavizou, seus olhos brilharam e ela se inclinou para a frente com uma intensidade que só pode vir de um amor e admiração profundos. Não era apenas nostalgia ou devoção de filha — era o tipo de reverência que uma artista nutre por outra, amplificada pelo laço sagrado da família.
O que mais me impressionou foi como Dern falava de sua mãe no presente, com tanta vitalidade e orgulho. Não havia qualquer indício de olhar para um legado já escrito; em vez disso, ela falava de seus pais como forças ativas, ainda criando, ainda inspirando.
“Eles estão ótimos”, disse Dern na ocasião sobre seus pais, incluindo o pai, Bruce Dern, e sua voz transbordava admiração. “Fico muito comovido ao aprender mais sobre as pesquisas de longevidade, particularmente as que Dan Buettner fez sobre o que realmente importa. O melhor caminho para a longevidade é o propósito — uma vida com propósito e uma vida voltada para o serviço.”

Seus pais, ambos com 89 anos, ainda trabalham no ramo. “Aposentadoria nunca foi uma palavra que eu entendesse ou conhecesse na minha família”, disse ela. “Eles são contadores de histórias incríveis e personagens marcantes. Eles me inspiram todos os dias a simplesmente continuar.”
A conversa tornou-se especialmente comovente quando Laura Dern discutiu as dificuldades práticas enfrentadas por artistas mais velhos, observando que o Sindicato dos Atores de Cinema (Screen Actors Guild) não oferece um plano de saúde abrangente para atores aposentados. “Muitos atores da geração dos meus pais estão desesperadamente procurando por dois dias em um programa de TV, aos 80 anos, porque precisam trabalhar um certo número de horas para continuarem elegíveis para o plano de saúde”, explicou ela. “É de partir o coração.”
Ao ser questionada sobre o melhor trabalho de sua mãe, Dern não hesitou – “Alice Não Mora Mais Aqui é uma das minhas atuações favoritas de todos os tempos”, disse ela sobre o filme de Martin Scorsese, de 1974, que rendeu a Diane Ladd, sua primeira indicação ao Oscar.
Dern também relembrou sua primeira experiência na cerimônia do Oscar, quando compareceu ainda criança, ao lado de sua mãe naquele ano de indicação. “Eu tinha sete anos e estava com medo”, disse ela, rindo. “É muito barulhento — as pessoas estão gritando e animadas, mas quando você tem sete anos, aquele barulho assusta. Há fotos da minha mãe toda glamourosa, sorrindo para as câmeras no tapete vermelho, e dá para ver meus punhos cerrados, agarrando seu braço. Eu usava óculos de grau fundo de garrafa e parecia muito nervosa.”

Anos depois, em 1992, Diane Ladd e Laura Dern fizeram história juntas ao receberem indicações ao Oscar por As Noites de Rose, marcando a primeira vez que mãe e filha foram indicadas pelo mesmo filme. “A ligação veio da minha assessora de imprensa, Annette Wolf”, lembrou Dern. “’Laura, querida, você e sua mãe acabaram de ser indicadas ao Oscar pelo filme.’ Eu tinha 21 anos. Levamos minha avó conosco e, como família, foi uma lembrança muito bonita.”
Ao longo da conversa, a reverência de Laura Dern por sua mãe — tanto como artista quanto como mulher de profunda convicção — transpareceu. “Minha mãe me ensinou a liderar com empatia e propósito”, disse ela com convicção. “É isso que me mantém apaixonada por contar histórias.”
Agora, após a morte de Diane Ladd (1935 – 2025), a entrevista que se segue, surge como uma homenagem sincera a uma vida extraordinária e ao laço inquebrável entre mãe e filha — duas gerações de mulheres que redefiniram a resistência, a arte e a elegância, em Hollywood.
















