Beth Goulart fará parte do elenco da novela ”Tudo por uma Segunda Chance”, produção inédita da Globo no formato vertical, segundo o colunista Gabriel de Oliveira, do Portal iG.
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O retorno às novelas já era algo pensado pela atriz. Em entrevista exclusiva ao iG Gente — concedida em outubro, ou seja, antes do anúncio da Globo —, Goulart disse que a possibilidade de voltar às telinhas a agradava.
“Eu adoraria voltar a fazer novela. Se eu for convidada, vou voltar com o maior prazer do mundo. Eu gosto de fazer novela. Acho que novela é um gênero se comunica muito diretamente com as pessoas“, conta a atriz, que estava longe do formato desde 2021, quando compôs o elenco da obra bíblica “Gênesis”, da Record TV.
Beth contou à reportagem que sentia falta da rotina de participar de uma novela.
“E eu sinto saudade, sim, de estar perto das pessoas, nesse convívio cotidiano, porque a novela é todo dia. Então isso faz com que a gente, de alguma forma, começa a fazer parte do dia a dia das pessoas. Isso nos aproxima muito como artistas também e como seres humanos. Eu acho que o artista, antes de tudo, é um ser humano que se preocupa em ser um interlocutor de outros seres humanos”, completa.
Família

Filha dos também intérpretes Nicette Bruno e Paulo Goulart, Beth ainda desabafou ao Portal iG sobre a saudade dos pais. “A gente tem que se acostumar. A saudade é para sempre, não tem como. A gente aprende a conviver com a ausência deles”, afirma.
“Claro que o primeiro ano da perda é muito impactante. Costumo dizer necessário mesmo: esse primeiro ano de luto para que você possa realmente chorar, tudo que você tem que chorar, sentir a falta que você precisa sentir, mas depois seguir a vida com a presença deles de uma forma diferente, dentro do coração”, analisa.
“Então, tudo que eles nos ensinaram como legado, como exemplo, como valor, continua na gente, vibrando em nós. Muitas pessoas que assistem me assistem no teatro e falam: ‘Ah, eu tô vendo seus pais em você’. É tão bonito ouvir isso”, se emociona.
Goulart perdeu o pai em 2014, quando ele tinha 81 anos, em decorrência de um câncer renal avançado. Em 2020, se despediu da mãe. Nicette, de 87 anos, morreu após complicações de Covid-19. À época, estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul do Rio.
“Tudo que eles foram estão em mim. Eles me ensinaram isso, a servir esses valores com a mesma visão de mundo, com a mesma amorosidade, com a mesma entrega, o mesmo respeito ao ofício”, pondera.
Etarismo

Ao longo da entrevista ao iG Gente, Beth Goulart abordou o etarismo presente na indústria artística, refletindo sobre os desafios enfrentados por profissionais mais velhos no meio cultural e destacando a importância da valorização da experiência e da maturidade nas artes.
“Cada vez é maior o número maior de pessoas envelhecendo. Então é importante que se fale sobre isso também, é uma forma de você lidar com a longevidade de uma maneira positiva. As pessoas precisam lidar com a passagem do tempo com uma como uma qualidade, não como um defeito, uma coisa que as diminua diante da vida”, salienta.
“Ao contrário, a experiência faz com que tenhamos muito mais a doar, a entregar a sociedade como eficiência, porque você não atinge um nível de eficiência no seu trabalho sem tempo de elaboração, sem tempo de realização. Então, o tempo vem a favor da qualidade do serviço. Mas isso é uma questão de mercado”, elucida.
Teatro

A artista, que esteve em obras de sucesso da teledramaturgia nacional, como “Baila Comigo”, “Selva de Pedra”, “O Clone”, “Paraíso Tropical”, “Três Irmãs” e “Vidas em Jogo”, também detalha o processo de interpretação para vivenciar Clarice Lispector nos palcos, na peça “Simplesmente eu, Clarice Lispector”.
“Esse encontro meu e da Clarice, na verdade, começou na minha infância. Ela entrou dentro de mim, no meu coração, na minha mente e me acompanhou durante a vida toda. Eu sempre fazer alguma coisa sobre ela, mas não sabia exatamente o que. Fui ao longo da vida conhecendo melhor a obra de Clarice e a um determinado momento, eu li um livro chamado ‘Cartas Perto do Coração’, que é a troca de correspondência da Clarice Lispector com Fernando Sabino”, lembra.
“Quando eu li esse livro, ali eu enxerguei a Clarice como personagem pela primeira vez. Falei: ‘Puxa, daria uma peça linda’. E aí mergulhei numa pesquisa de dois anos sobre a vida e obra de Clarice Lispector, foi quando eu construí a dramaturgia do espetáculo através dessa pesquisa. Então, o texto, ele é feito através de fragmentos de entrevistas, opiniões, correspondências”, recapitula.

Para conseguir mergulhar nos sentimentos e emoções expostos no espetáculo, Goulart recorreu ao próprio emocional, conforme orientações do supervisor Amir Haddad. “Eu me usei como referência na transcrição desse universo verso clariciano. Fiz uma ponte entre ela e eu”, admite.
“No processo de ensaios, o Amir Haddad assistiu quatro ensaios e me falou assim: ‘Eu tô vendo você com maior dificuldade para mostrar a angústia da Clarice, a solidão da Clarice’. O que ele me disse foi o seguinte: ‘Quanto mais em você, você estiver, mais perto dela você estará. Então, fale da sua angústia, da sua solidão’. Então, talvez tenha sido um dos momentos mais difíceis para mim, de tentar chegar nestes sentimentos da Clarice”, narra.
“Simplesmente eu, Clarice Lispector” também costuma ser buscado por estudiosos das obras da literata, cujos títulos são frequentemente cobrados em bancas de vestibulares. Mais de 3.500 estudantes tiveram a oportunidade de assistir ao espetáculo na temporada de 2025.
Atualmente, a montagem pode ser vista no Teatro Royal Tulip, em Brasília. Em dezembro, o espetáculo ainda será apresentado no Rio de Janeiro e Curitiba.
















