Acordo final da COP30 tem cobertor curto e depende do dinheiro

Centro de Convenções da COP30, em Belém (PA)Reprodução

Tinha que ser com emoção. 

As horas finais da COP30 estão longe de apresentarem um resultado previsível. Ninguém imaginava, primeiro, um mutirão inédito de mais de 80 países, unidos, exigindo um planejamento para o fim da dependência dos combustíveis fósseis.

Logo depois, um incêndio que paralisou as negociações e aumentou o climão entre o governo federal e as Nações Unidas.

Agora, uma reviravolta, com o primeiro rascunho do texto final, que simplesmente retirou esta questão dos fósseis.

A eliminação gradual dos combustíveis fósseis é um vespeiro mesmo. E que, sim, precisa ser mexido. Mas vai doer.

Existe uma resistência forte por parte dos países árabes, que são grandes produtores de petróleo, e também do chamado grupo de negociação conhecido como LMDC, nações com grande dependência de combustíveis fósseis, como China, Índia e Venezuela. Integram ainda o LMDC, Argélia, Bangladesh, Bielorrússia, Butão, Cuba, Egito, Indonésia, Irã, Malásia, Mianmar, Nepal, Paquistão, Filipinas, Sri Lanka, Sudão, Síria, Vietnã e Zimbábue. Os países em desenvolvimento deste grupo cobram ajuda dos mais ricos para financiar esta transição. E, como ninguém se dispõe a ajudar, eles afirmam que a transição para uma energia mais limpa é inviável financeiramente. Ou seja: estamos falando de dinheiro.

A pressão deste grupo foi tão forte que venceu neste primeiro momento. O chamado “Mapa do Caminho”, proposto pelo governo brasileiro, sequer foi citado no primeiro rascunho. 

Reação

Porém, a reação do outro lado veio forte. Cerca de 30 nações ameaçam bloquear o acordo caso a menção aos combustíveis fósseis não entre no texto final. 

Acompanhe: Países fazem mobilização inédita contra combustíveis fósseis

E tem mais: com a retirada da questão dos fósseis do texto, que é o principal fator para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa, dificilmente países desenvolvidos, como o bloco da União Europeia, apoiarão o restante do acordo. Isso inclui iniciativas de financiamento, que é um ponto nevrálgico.

O cobertor, como se vê, é curto e o que está em jogo é o dinheiro. Isso quer dizer: quem vai abrir a carteira para o financiamento climático, considerado pelas Nações Unidas como a questão central da COP, “uma questão de sobrevivência”.

Quem tem dinheiro ameaça não financiar se o texto não estiver de acordo com seus interesses; e quem não tem dinheiro ameaça não assinar se não obtiver ajuda.

Como o documento precisa ser aprovado por unanimidade, os dois lados vão precisar negociar para encontrar uma solução. Este é um abacaxi que a diplomacia brasileira vai ter que descascar. Caso contrário, a conferência pode terminar sem um acordo.

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