Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Durante muitos anos, Gabriela Melke seguiu um caminho bastante tradicional: formou-se dentista, fez especialização, mestrado e construiu carreira. Mas, paralelamente ao consultório, outra parte de sua vida crescia em ritmo próprio — uma rotina intensa de treinos, criação de conteúdo, moda, performance e estudo do corpo em movimento. Nos últimos cinco anos, essa segunda vida deixou de ser interesse paralelo e passou a apontar para outro tipo de propósito.
Foi nesse processo de transição que Gabriela conheceu Gabriel, hoje seu sócio. Ele trazia a força da técnica: design, modelagem, pesquisa. Ela vinha com a vivência real: o corpo que testa, que se move, que exige funcionalidade sem abrir mão de estilo. A troca foi imediata. Aos poucos, perceberam que suas trajetórias — tão distintas no papel — se alinhavam de forma natural.
O que começou como conversa virou projeto. E o projeto encontrou forma. Desse encontro de forças nasceu a Phōs, nome que significa “luz” em grego e que, segundo Gabriela, sintetiza o que guia a marca desde o início: clareza, presença e energia. A Phōs já nasce unissex, pensada para acompanhar pessoas que vivem a rotina com intensidade e buscam peças que combinem estética e funcionalidade de maneira orgânica.
Da transição de carreira à fundação da Phōs
A história da marca começa com a própria trajetória de Gabriela. Ela conta ter trabalhado muitos anos como dentista, com especialização e mestrado, até iniciar, há cinco anos, uma transição natural para a área de criação e moda. Nesse período, colaborou com diferentes marcas e desenvolveu produtos no segmento fitness, aprofundando-se em materiais, performance e caimento.
Esse processo a levou a enxergar possibilidades de transformar seu lifestyle ativo em propósito. A entrada de Gabriel, seu futuro sócio, foi decisiva: ele já atuava diretamente com moda, modelagem e design, o que trouxe complementaridade técnica ao que Gabriela vinha experimentando na prática. Em uma das conversas entre os dois, perceberam que a união das áreas de atuação fazia sentido.
A partir desse alinhamento, a ideia da Phōs começou a ganhar forma. O nome escolhido traduz exatamente o que Gabriela considera essencial na proposta da marca: energia, presença e verdade. A marca surge, portanto, não apenas como uma extensão estética, mas como desdobramento de um estilo de vida vivido pela própria fundadora.
Gabriela descreve a Phōs como uma marca criada para homens e mulheres que desejam peças funcionais, com design, que acompanhem diferentes ritmos do dia. Todo o processo nasceu de sua experiência prática e da visão complementar trazida por Gabriel, consolidando um ponto de partida que une técnica, movimento e identidade.
Gabriela Melke, fundadora da Phōs
O conceito de luxo dentro da Phōs
Quando fala sobre o que significa “luxo” no Brasil hoje, Gabriela destaca que, para ela, o termo não está ligado ao preço ou à exclusividade. Em vez disso, associa luxo a experiência, conforto, autenticidade e integração real da peça à rotina de quem usa. Essa definição orienta o posicionamento da Phōs desde o início.
Segundo a fundadora, o luxo na marca aparece na escolha de matérias-primas de alta performance, na atenção meticulosa ao caimento, ao toque, à tecnologia e à durabilidade. Cada elemento do design é pensado para que o impacto seja percebido imediatamente no corpo. Assim, a experiência busca combinar estética com funcionalidade.
No cenário do luxo, dominado por grandes marcas internacionais, Gabriela acredita que a Phōs se diferencia por seu DNA. A prática diária do lifestyle ativo pela fundadora, somada à trajetória técnica de Gabriel na moda, cria uma abordagem que, segundo ela, une conhecimento, autenticidade e vivência real. Essa combinação se reflete no desenvolvimento dos produtos.
Para Gabriela, o alinhamento entre técnica, lifestyle e design é o que dá identidade à marca. As peças são resultado de estudo de materiais, testes, ajustes e compreensão prática de movimento e caimento, características que, segundo ela, constroem uma assinatura própria.
Oportunidades e desafios no mercado brasileiro de alto luxo
Na visão de Gabriela, o mercado de luxo cresce junto ao avanço do universo wellness, que influencia diretamente o comportamento de consumo. Segundo ela, esse movimento impulsiona o estilo de vida athleisure, no qual a mesma peça funciona tanto para treinar quanto para a rotina casual. Esse comportamento abre oportunidades para marcas que compreendem essas novas demandas.
Para Gabriela, o consumidor atual — especialmente mulheres e homens que treinam, trabalham e viajam — busca peças versáteis, de qualidade e com identidade. Essas pessoas desejam produtos que vistam bem, durem e façam sentido dentro de um lifestyle equilibrado, conectado ao bem-estar. Ela observa que esse público se tornou mais exigente e atento aos detalhes.
Entre os desafios, a fundadora aponta a necessidade de fortalecer a credibilidade de uma marca que nasce dentro do universo athleisure no segmento de luxo. Gabriela afirma que, para consolidar essa percepção, faz questão de mostrar diariamente o uso real das peças: treina com elas, utiliza no cotidiano e demonstra caimento e textura para sua comunidade.
Outro desafio mencionado é manter excelência em todas as etapas — do material ao atendimento — dada a exigência do consumidor de luxo. Gabriela destaca que esse público valoriza consistência e espera um padrão elevado em cada interação com a marca.
Canais de venda e a experiência de luxo no ambiente digital
A Phōs trabalha hoje majoritariamente com e-commerce e atendimento via WhatsApp. Gabriela explica que acredita muito na força do contato direto com o cliente, especialmente porque esse formato possibilita um acompanhamento mais personalizado. No aplicativo, é possível orientar sobre modelagem, sugerir combinações e acompanhar todo o processo de compra.
Para ela, a tradução do luxo no digital vem justamente dessa personalização. Cada etapa — desde a curadoria das peças até a forma como o produto é entregue — é pensada para que o cliente sinta atenção individualizada. Esse cuidado é visto por Gabriela como parte essencial da experiência.
Embora a operação digital seja central, a marca também se prepara para abrir sua flagship dentro da Academia Sett, reconhecida no cenário fitness premium brasileiro. Segundo Gabriela, essa presença física reforça o posicionamento da marca e a aproxima de um público que vive intensamente o lifestyle da marca.
O avanço para um espaço físico próprio também está nos planos, assim como a expansão para outras regiões do Brasil. A internacionalização é considerada como possibilidade futura, mas Gabriela enfatiza que qualquer movimento será feito de forma estruturada e estratégica.
Uma das campanhas da Phōs
Criação, produção e a lógica das peças não replicadas
O processo de criação começa com observação e pesquisa. Gabriela conta que viaja ao longo do ano, o que amplia seu repertório de materiais, modelagens e referências. A partir da análise de comportamento, movimento e caimento, os tecidos tecnológicos são escolhidos, sempre priorizando toque confortável e durabilidade. Cada base é usada e testada antes de ser aprovada.
A modelagem ocupa posição central no desenvolvimento das peças. A marca trabalha com profissionais especializados para garantir encaixe adequado, mobilidade e presença. Segundo Gabriela, só depois de diversos ajustes o produto segue para produção, feita com parceiros que compartilham o mesmo padrão de qualidade.
Um ponto importante da estratégia é a ideia de não replicar peças esgotadas. Gabriela explica que essa decisão faz parte do conceito de desejo e exclusividade da marca. Algumas linhas já nascem com tiragem limitada, reforçando essa lógica.
Questionada sobre que imagem sintetizaria o espírito da marca, Gabriela descreve a sensação de “luz interna que transborda para o externo”. Segundo ela, trata-se daquele momento em que alguém veste algo que valoriza, se olha no espelho e sente clareza, força e presença.
O post Da Odontologia Ao Athleisure: Como Gabriela Melke Criou a Phōs apareceu primeiro em Forbes Brasil.
