As chuvas constantes da última semana na região sul do Paraná acenderam um sinal de alerta para os agricultores do Estado. Após um período de tempo firme, que alimentava boas expectativas para a produtividade da soja da safra 2024/25, as fortes precipitações trouxeram preocupações com doenças causadas por fungos e com o aumento de umidade dos grãos em plena fase final da colheita.
Em Carambeí, o criador de gado leiteiro Bauke Dijkstra espera colher de 70 a 75 sacas de soja em cada um dos 100 hectares que plantou nesta temporada, uma produtividade boa, mas aquém das 85 sacas colhidas em outras safras. “Com certeza vai ter um pequeno aumento de custo e um pequeno decréscimo de produtividade porque esse tempo nublado não ajuda na fotossíntese”, afirma.
Com as lavouras encharcadas, ficou mais difícil fazer o manejo contra pragas e doenças fúngicas, que, aos poucos, vão aparecendo. “É preciso algumas horas de sol e de luz, ou pelo menos de tempo seco, para fazer efeito o tratamento que você queira fazer. Então, tudo isso vai impactar um pouco no resultado final”, explica o agricultor.
De acordo com o Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Paraná (Deral), as chuvas da última semana causaram perdas com grãos ardidos, quando a umidade faz com que a soja fermente, e germinados antes da colheita. Os problemas ocorreram principalmente nas lavouras já dessecadas e que estava prestes a serem colhidas.
“Muitas das colheitas realizadas foram feitas por produtores bem equipados, que dispõem de secadores próprios, pois, caso contrário, o custo da operação aumentaria consideravelmente”, informou o Deral em boletim divulgado na terça-feira (11/2).
Apesar dos problemas climáticos, a avaliação do Deral é de que a produtividade tem superado as expectativas no Estado, com previsão de colheita de 21,34 milhões de toneladas de soja em 2023/24, volume 15% superior a registrado no ciclo anterior.
Na cooperativa Frísia, da qual Dijkstra faz parte, a previsão é de uma produtividade de 4,5 toneladas por hectare nesta temporada, resultado acima da média dos últimos anos, mas com índices de umidade de grãos que chegam a até 28%.
“O alto teto produtivo não garante grandes rentabilidades ao produtor. Com maior número de chuvas, teve mais intervenções, mais aplicações, mais manejo e isso acaba gerando custo e tirando a rentabilidade da safra”, observa o gerente de sustentabilidade e assistência técnica agrícola da cooperativa, Francis Bavoso.
Em Guarapuava, o agricultor Rodolpho Botelho também teve um início de safra tranquilo para os 1,5 mil hectares de soja que plantou este ano. Já na reta final, enfrenta dificuldades. “Algumas regiões aqui têm recebido chuvas quase diárias, mas chuvas de manga. Em alguns locais com 50 a 100mm e outros com 5 a 10 mm, mas bastante chuva”, detalha o agricultor e presidente do sindicato rural da cidade.
Além das doenças, ele também destaca que o tempo nublado afeta a produtividade. “Isso diminui a transferência de nutrientes para as plantas e pode ocasionar grãos mais leves. Então a gente precisa de sol e cuidado com essas doenças fúngicas.”
Até o momento, a previsão dele é colher 100 sacas por hectare nesta temporada, um volume que considera satisfatório quando comparado à média prevista para o Estado, de 61,6 sacas por hectare. “A expectativa é boa, se manteve desde o início da safra. Apesar do estresse climático na virada do ano, é de alcançar uma das melhores produtividades dos últimos anos”, avalia o agricultor.
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