Alexandre Rodrigues celebra legado de Cidade de Deus após 20 anos

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Alexandre Rodrigues celebra legado de ‘Cidade de Deus’ 20 anos depoisDivulgação

Mais de 20 anos após o lançamento de “Cidade de Deus”,  Alexandre Rodrigues falou ao iG Gente sobre o impacto do longa. A obra acaba de ser eleita pelo The New York Times como um dos 15 melhores filmes do século. Segundo o ator, a indicação surpreendeu e reforçou a importância para o reconhecimento do cinema nacional.

Cidade de Deus vem sempre com uma surpresa nova de tempos em tempos“, celebrou.

Para ele, a obra é um marco e simboliza uma vitória para atores que buscam afirmação no mercado. “Eu fico muito feliz porque o nosso cinema, desses 20 anos para cá, tem ganhado validação internacional“, completou. 

No longa, Alexandre vive o protagonista Buscapé, um jovem pobre, negro e sensível, que cresce em um universo marcado por violência. Ele vive na Cidade de Deus, uma favela carioca localizada em Jacarepaguá, e conhecida por ser um dos lugares mais violentos do Rio de Janeiro. Apavorado com a ideia de se tornar um bandido, ele acaba sendo salvo de seu suposto destino pelo talento como fotógrafo. 

O papel, segundo ele, foi primordial em sua carreira e reflete os talentos na periferia, que muitas vezes são invisibilizados. Para o ator, Cidade de Deus mostrou que as comunidades não são apenas espaços de carência, mas também de potência criativa. Ele ressalta que o legado do filme é também social.

Temos artistas de qualidade aqui dentro. Além da capacidade,  inteligência, roteiro, para poder fazer um cinema de qualidade.”

Alexandre ainda destaca que a produção ajudou comunidades a se verem representadas na tela.

Hoje entendemos que esse legado se faz muito forte, principalmente na Cidade de Deus, pela história ter saído dali.

O impacto atravessou fronteiras e, para o ator, foi também um impulso para a criação de novas iniciativas culturais locais, como o grupo Arteiros, derivado do AfroReggae.

Alexandre Rodrigues celebra legado de ‘Cidade de Deus’ 20 anos depoisDivulgação

“O filme representa um antes e depois para minha vida”

Alexandre tinha 19 anos quando foi escolhido para viver Buscapé. Na época, buscava uma profissão e enxergou no cinema uma oportunidade de futuro.

Eu peguei com unhas e dentes, como todas as outras oportunidades que eu tive.”

Ele contou que a seleção para o papel durou cerca de um ano e mudou sua vida.

“Foi uma mudança de vida completa. Eu não esperava ser o personagem principal de um filme que faria história.”

A consciência do impacto veio aos poucos. “Eu não tinha noção de que eu seria o personagem principal e nem que o filme seria esse marco que foi.”

O ator destacou que o longa foi um divisor de águas. “Não tem como falar da minha vida antes e depois de “Cidade de Deus”. Sou muito grato a Deus e às pessoas que acreditaram no meu talento.

A experiência também o levou a refletir sobre persistência. “Agradeço também a mim mesmo por pegar as oportunidades e ir atrás daquilo que eu acreditavaO filme representa um antes e depois para minha vida.”

“Descobri nessa profissão que posso ter todas as outras”

Alexandre reconheceu que manter a carreira após o sucesso foi um desafio. “Realmente foi uma grande pressão para manter a carreira. É difícil de se entrar e é difícil de se manter.

Sem se aprofundar em questões ideológicas ou raciais, ele ressaltou que a arte sempre o atraiu de volta. “Não me vejo fazendo nenhuma outra coisa. Hoje tenho a minha empresa, mas sempre busco na arte um modo de vida.

O ator diz que enfrentou altos e baixos, mas continuou. “A pressão é até mais da sociedade em si do que nossa.”

Mesmo com as dificuldades, ele se manteve fiel à profissão. “Descobri nessa profissão que posso ter todas as outras. Posso ser quem o escritor quiser que eu seja.

Sobre seguir atuando, foi direto: “Estou muito feliz com a minha decisão de continuar atuando, de continuar fazendo o que eu gostoMinha mãe me ensinou muito a ser resiliente. Se você escolheu aquele caminho, vai até o fim.”

Legado de um clássico e retorno como Buscapé

Alexandre foi convidado por Fernando Meirelles para participar de uma série derivada do filme. A proposta causou surpresa e certa apreensão. “Inicialmente fiquei com medo. Como vamos voltar a falar de um filme tão icônico?

Com a diferença de idade entre ele e o personagem, Alexandre encontrou um ponto de conexão. “Buscapé se encontra com 45 anos e eu agora nos meus 42.

A experiência acumulada ajudou na construção do novo momento do personagem. “Já tenho essa expertise mais apurada no corpo, no olhar.

No entanto, assume que as memórias do set e a troca com colegas foram essenciais para a nova fase. “Conversar sobre aquela época… entender que tá todo mundo já com uma certa idade. A gente recebe muita coisa do personagem, mas também deixa muita coisa nossa.Toda aquela história é uma história fictícia baseada em histórias reais“, avalia.

Alexandre Rodrigues celebra legado de ‘Cidade de Deus’ 20 anos depoisDivulgação

“Foi um começo bem humilde”

Após o sucesso de Cidade de Deus, o ator não ficou parado e investiu em formação. Fez cursos de teatro, interpretação para TV, direção de fotografia e cameraman. “Fui sim atrás de alguns cursos técnicos para ter mais desenvoltura com a câmera, com a luz.

Segundo ele, entender a parte técnica facilita o trabalho. “Diminui os direcionamentos do próprio diretor.

O gosto pela arte é antigo. O interesse surgiu quando ainda estava na escola. “Sempre fui muito tímido. Entrar para o teatro me ajudou muito.”

Alexandre contou que trocou serviços de limpeza por aulas de teatro. “Foi um começo bem humilde.

O primeiro curso voltado para cinema foi o que o levou ao elenco do filme. “Até então, estava fazendo só teatro.” A transição exigiu adaptação, que até então, ainda não dominava. “Existe um tipo e um estilo de interpretação para cada meio“, explicou.

Apartir daí, agarrou a oportunidade com unhas e dentes. O talento trouxe visibilidade internacional, que até hoje recebe devido reconhecimento. No entanto, ela se atenta a um detalhes, que muitas vezes, pode passar despercebido. É que Segundo ele, a produção foi um marco também para os atores negros. “Foi a primeira vez que o cinema mostrou nós pretos como pessoas bonitas.

Ele cita nomes como Zezé Motta e Ruth de Souza como inspiração. “Começamos a entender que existia um mercado para nós e que conseguiríamos continuar um legado. Hoje temos meios para ter um lugar de fala.”

Alexandre acredita que parto do reconhecimento pode ter vindo de fora. O lançamento internacional foi estratégico para a obra e trouxe visibilidade. “O filme foi lançado primeiro no Festival de Cannes, a meca do cinema internacional. Ele já veio para o Brasil com validação internacional.”

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