Arlequim, Pierrot e Colombina: saiba a origem de personagens clássicos do Carnaval

Arlequim, Pierrot e Colombina são personagens clássicos do Carnaval, citados em marchinhas e representados por fantasias na folia. O Flipar conta a seguir a origem deles!

A origem dos três remete à Commedia dell’Arte, também conhecida como Commedia Alla Maschera (Comédia com máscaras), estilo teatral surgido na Itália durante o século 16 e que foi popular até o século 18.
Na trama, eles são personagens de uma sátira social que se envolvem em um triângulo amoroso. Pierrot ama a Colombina, que, por sua vez, ama e tenta atrair Arlequim.
O gênero foi criado como uma alternativa popular ao que se chamava Commedia Erudita, fundada na literatura e falada em latim, língua restrita à elite da época.
As histórias do trio eram encenadas em ruas e praças de cidades da Itália, servindo como entretenimento público inspirado pelas festividades carnavalescas.
Era também uma representação satírica da vida e dos costumes da elite italiana do período.
Embora houvesse um enredo prévio, a improvisação cômica em esquetes, técnica conhecida como iazzi, era a característica principal das peças. As entradas e saídas dos personagens em cena eram roteirizadas.
Pierrot, Arlequim e Colombina tornaram-se os personagens mais famosos desse estilo teatral, representando os servos palhaços (zanni, no original), porém havia muitos outros.
Entre as outras figuras nas encenações aparecia o Pantaleão, um comerciante avarento e desajeitado que era patrão dos serviçais e vivia sendo debochado por eles. Havia ainda o Doutor, um intelectual exibicionista, e o Capitão, oficial que fingia valentia, entre outros
As peças da Commedia dell’Arte costumavam ter um intervalo recheado por espetáculos de acrobacia e encenações satíricas.
Os personagens eram baseados em tipos reais, porém com caracterizações exageradas para dar o tom satírico às peças.
Originalmente, o personagem Pierrot chamava-se Pedrolino. No século 19, os franceses o rebatizaram com o nome com o qual é popular atualmente.
Mais pobre entre os serviçais, Pierrot não utilizava máscara e tinha o rosto pintado de branco. Suas vestes eram feitas de sacos de farinha.
O contínuo sofrimento do Pierrot pelo amor não correspondido da Colombina o fazia ser alvo de piadas. Por isso, o personagem costuma aparecer representado com uma lágrima abaixo dos olhos.
Preguiçoso e metido a esperto, o malandro Arlequim costumava dançar e fazer ousados movimentos acrobáticos. Com roupas de losangos, pregava peças nos companheiros de cena e sempre conseguia se desvencilhar com desenvoltura dos tumultos que criava.
Uma características marcante do Arlequim era a pantomima, técnica de teatro focada no gestual, de mímicas, com poucas falas.
Já a Colombina, símbolo da alegria e encantamento, era funcionária de uma filha de Pantaleão. Bela, ela era o centro do famoso triângulo amoroso, gerando sofrimento em Pierrot. Para atrair o Arlequim, ela dançava e cantava nos espetáculos.

No Carnaval brasileiro, os personagens aparecem ainda hoje representados em blocos e salões com suas caracterizações clássicas. Eles foram integrados à festa no Brasil graças a composições que se inspiraram na commedia dell’arte no início do século 20.
Marchinhas clássicas do Carnaval brasileiro citam os personagens, como “Pierrot Apaixonado”, de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres, que diz logo na introdução: “Um Pierrô apaixonado que vivia só cantando por causa de uma colombina acabou chorando”.
Outra marchinha famosa é “Máscara Negra”, de Zé Keti (foto), que tem os famosos versos iniciais: “Oh, quanto riso! Oh, quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão. Pierrot está chorando pelo amor da Colombina no meio da multidão”.

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