Aguinaldo Silva revelou um episódio marcante de sua juventude durante participação no Altas Horas, da Globo, exibido no sábado (15). O autor de Três Graças contou que foi preso em 1969, durante a ditadura militar, poucos dias após começar a trabalhar como jornalista. Segundo ele, ficou 70 dias detido, sendo 40 deles completamente desaparecido, sem que sua família ou colegas soubessem onde estava. “Eu fui preso [na época da repressão]. Na verdade, eu era jornalista em 1969, tinha começado a trabalhar no jornal O Globo, e no quinto dia de trabalho, eu saí da redação, de madrugada, e não voltei mais. Simplesmente sumi”, contou. Ele afirmou que os colegas procuraram respostas, mas não encontraram registros ou informações sobre seu paradeiro nas instituições públicas. Durante o relato, Aguinaldo Silva detalhou a sensação de invisibilidade que viveu ao ser detido sem qualquer explicação. “Foi uma experiência terrível, até mesmo porque nunca me disseram por que fui preso. Você experimenta uma sensação de que deixou de existir. Quando está em uma cadeia, você depende de um Estado, da boa vontade das pessoas, da bondade de estranhos”, disse o dramaturgo.
Aguinaldo Silva diz que experiência influenciou sua escrita
Mesmo considerando a prisão como uma experiência traumática, Aguinaldo Silva reconheceu que o episódio influenciou sua visão de mundo e seu trabalho como autor. “Foi uma experiência que acabou me enriquecendo, com o detalhe de que eu era muito jovem, tinha acabado de sair da adolescência”, afirmou.
“Eu não posso dizer que foi bom para mim, porque não é bom para ninguém ser preso injustamente e sem que te digam o motivo. Mas, do ponto de vista do escritor que eu já era e me tornei, isso foi enriquecedor”, contou.
















