A Coca-Cola confirmou nesta terça-feira (22) que vai lançar nos Estados Unidos uma nova versão da bebida adoçada com cana-de-açúcar. A iniciativa chega poucos dias depois de o presidente Donald Trump afirmar que a empresa havia concordado em reformular a receita original a seu pedido.
A nova Coca será uma edição alternativa, feita com açúcar cultivado em solo americano. O lançamento está previsto para o outono deste ano. Atualmente, a fórmula padrão da bebida nos EUA utiliza xarope de milho com alto teor de frutose, ingrediente mais barato e comum no mercado interno.
No último dia 17, Trump publicou em sua rede social, a Truth Social, que havia conversado com a direção da Coca-Cola sobre o retorno ao açúcar de cana e que a empresa teria aceitado a proposta. Na mensagem, ele comemorou a suposta decisão e disse que seria uma “boa iniciativa” para os consumidores. A empresa, na época, não confirmou a mudança, mas agradeceu publicamente o entusiasmo do presidente.
Internamente, a reformulação também atende à pressão do secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., que lidera uma cruzada contra ingredientes ultraprocessados em alimentos industrializados. Kennedy tem criticado o uso do xarope de milho, corantes artificiais e óleos vegetais refinados, associando esses componentes ao avanço de doenças metabólicas no país.
Ainda que a mudança seja limitada a uma nova versão do refrigerante, o anúncio gerou reações no setor agrícola americano. A Associação de Refinadores de Milho alertou que a substituição do adoçante pode prejudicar milhares de empregos na indústria de alimentos e bebidas. A entidade também argumenta que não há ganhos comprovados à saúde com a troca.
Especialistas afirmam que o açúcar de cana utilizado no novo produto pode ser importado do Brasil, maior produtor mundial da matéria-prima. No entanto, o cenário ficou mais incerto após Trump anunciar tarifas de 50% sobre diversos produtos brasileiros, incluindo o próprio açúcar. A medida deve entrar em vigor em agosto e também atinge o café, o suco de laranja e a carne usada por redes de fast-food.
Nos Estados Unidos, versões da Coca-Cola adoçadas com açúcar de cana já são vendidas em edições especiais, como a chamada “Mexican Coke”, importada do México. Em outros países, como Brasil e Reino Unido, o açúcar de cana é padrão na fórmula tradicional.
Mesmo com a campanha por uma Coca-Cola mais “natural”, Trump segue fiel à Diet Coke. Durante seu mandato anterior, mantinha um botão exclusivo na mesa do Salão Oval apenas para pedir a bebida com aspartame sempre que quisesse.