A entrada de Renato Rocha na Legião Urbana, após a tentativa de suicídio de Renato Russo, e sua integração na formação mais icônica da banda, marcam uma trajetória cheia de altos e baixos. A morte de Renato Rocha completa 10 anos neste sábado (22), e sua história permanece marcada por momentos de grande destaque e desafios.
Negrete, como o músico era conhecido, foi encontrado morto em um quarto de hotel no Guarujá (SP), aos 53 anos. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte foi uma parada cardíaca. Na época, ele estava fazendo uso de pelo menos três medicamentos contra a depressão.
No entanto, a complexa história dele, marcada por uma série de fatos marcantes, começou décadas antes.
A história de Renato Rocha
Originalmente, a Legião Urbana era composta por Renato Russo (vocal e baixo), Dado Villa-Lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria). Em 1984, o então vocalista e baixista passou por um dos episódios mais complicado de sua vida: a tentativa de suicídio.

A quatro dias da gravação do primeiro disco do trio, Renato Russo seguia impossibilitado de tocar o instrumento devido aos cortes no pulso. É quando outro Renato entra na história. Renato Rocha, amigo de Bonfá, foi convidado para ser baixista.
Billy, como também era chamado, assumiu a vaga definitivamente. Seu desempenho não apenas garantiu sua permanência na posição, como também permitiu que Russo se concentrasse no vocal. Rocha participou dos três primeiros álbuns da banda e coassinou algumas das composições mais famosas do grupo.
A saída da Legião Urbana
Discos, álbuns, turnês pelo Brasil e presença em programas de TV: foram anos de muito sucesso, e a banda vivia seu auge. No entanto, Rocha deixou o grupo em 1989, quando foi expulso pelos demais integrantes.

Segundo o Whiplash, um dos sites especializados em música mais tradicionais do país, Renato Rocha saiu da Legião Urbana devido a ‘incompatibilidades entre ele e a banda’. No livro Discobiografia Legionária, Chris Fuscaldo fornece mais detalhes.
“Há vários relatos, incluindo os de membros da banda, sobre problemas de comportamento e discordâncias entre Renato Rocha e os outros integrantes. Renato Russo já estava pressionando Negrete, pois ele também tocava baixo e queria que o músico tocasse do jeito que ele gostava. ‘Ele acabava se recolhendo muito’, contou a jornalista e pesquisadora
O produtor Mayrton Bahia afirma ter sido quem conduziu a saída. Para ele, a situação estava insustentável. “Eu chamei os três e falei assim: ‘gente, tem que tirar o Renato’. Eu dei um empurrão, e eles tomaram a decisão”. A vida em situação de rua
A banda acordou que continuaria pagando o ex-integrante com as rendas dos discos nos quais ele participasse. Isso seguiu até o grupo se desfazer em 1996, após a morte de Russo.
Depois, Negrete integrou as bandas ‘Cartilage’, ‘Finis Africae’ e ‘Solana Star’. Mas também enfrentou desafios em sua vida pessoal e profissional. Em 2012, foi encontrado vivendo nas ruas do Rio de Janeiro.
Na época, Rocha afirmou em entrevista ao Domingo Espetacular que havia perdido tudo o que tinha devido ao uso de drogas. A situação sensibilizou a mídia e os fãs, até que ele aceitou iniciar um tratamento de reabilitação.” A despedida do Legião
Em 2013, fez uma participação especial tocando contrabaixo e cantando em “Que País é Este”, um dos maiores sucessos do grupo. No ano seguinte, aceitou o convite para participar do projeto Urbana Legion, uma banda-tributo ao grupo original. Negrete voltou aos palcos e performou sucessos do Legião Urbana ao lado do também ex-integrante Eduardo Paraná e outros membros. Renato Rocha participou dos três primeiros álbuns: Legião Urbana (1985), Dois (1986) e Que País é Este (1987). Além de tocar, coassinou composições como Quase Sem Querer e Daniel na Cova dos Leões. Ele faleceu em 22 de fevereiro de 2015.