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Tal e qual um artista plástico que cria estudos antes de pintar definitivamente um grande quadro, Demna Gvasalia, diretor criativo da Gucci, lançou no dia 04/12 a segunda coleção antes do début oficial, que acontece em fevereiro, quando a maison desfila na Semana de Moda de Milão. Ele justificou a espera declarando que precisava de pelo menos uma estação inteira para construir sua visão, e então anunciar a nova era da marca.
O exercício de imaginação, proposta inicial, continua. Em “La Famiglia”, de setembro, os personagens de um possível clã ajudavam a dar contornos ao estilo que ele quer imprimir na casa – que ali ficou entre algo de austero, algo de glamouroso. Esta segunda, do pre-fall, também é uma situação imaginada: um desfile que nunca aconteceu, registrado em cliques – do próprio Demna – de modelos em marcha na passarela.
Na pesquisa que o designer realizou nos arquivos da Gucci, elementos que identificam a grife, como o horsebit e a faixa web, assim como o monograma, vão aplicados em bolsas, botas e cintos. A abordagem é minimalista, como no detalhe do paletó, que vai com bolsos invisíveis.
Alguns looks florais de comprimento mídi trazem de volta a feminilidade dos anos 1970 e citam os lenços da casa. Os casacos ⅞ são texturizados: têm entrelaçados pele de carneiro com seda, pelo de cabra e penas.
Mas o que certamente chama a atenção é a clara menção à era Tom Ford na Gucci, dos anos 1990, que se caracteriza pelas peças inevitavelmente sexy, mesmo quando não revelam a pele. O look inicial é um costume feminino justo, com calça extralonga, bem skinny, fenda na barra. As botas longas de bico fino, a saia-lápis com camisa de seda semiaberta, os vestidos de ombro-só, com fendas que revelam as pernas, estão entre os looks que celebram a época. “Ao analisar os arquivos dos anos 90 da era Tom Ford, notei como tudo era muito mais leve e refinado. De certa forma, havia mais vontade de usar ou tocar as peças; estou tentando resgatar essa atmosfera”, disse o designer em entrevista recente sobre o novo posto.
Curioso notar que o estilo low profile da chegada de Demna à casa italiana tem produzido um efeito-desejo involuntário, e que é, afinal, o objetivo da marca: as lojas já têm registrado maior movimento após o lançamento da coleção de setembro. O próximo passo é o desfile em fevereiro e, em 16 de maio, a apresentação da coleção Cruise 2027, que será desfilada em Nova York. Acompanharemos cada movimentação!
Com Antonia Petta e Milene Chaves
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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