O sequestro e assassinato de Eloá Cristina Pimentel, em outubro de 2008, chocaram o Brasil e reacenderam a discussão sobre os limites da imprensa em coberturas desse tipo. Durante as mais de 100 horas em que a jovem foi mantida refém pelo namorado, Lindemberg Alves, em Santo André (SP), a apresentadora Sônia Abrão chegou a conversar ao vivo com o sequestrador e com a vítima em seu programa na RedeTV!.
A entrevista foi realizada enquanto as negociações entre a polícia e o criminoso ainda estavam em andamento, o que gerou fortes críticas à jornalista, acusada de sensacionalismo e de interferir na operação policial.
O caso Eloá marcou o país e voltou a ganhar destaque neste mês, com o lançamento do documentário Caso Eloá – Refém ao Vivo, da Netflix, previsto para o dia 12 de novembro. A produção promete revisitar a tragédia com alto nível de detalhamento.
Dirigido por Cris Ghattas, o filme traz depoimentos exclusivos do irmão de Eloá, Douglas Pimentel, e da amiga Grazieli Oliveira, que falaram publicamente pela primeira vez sobre o trauma. A obra pretende lançar um olhar crítico sobre o papel e os limites da mídia em situações extremas.
Durante o sequestro, Sônia Abrão apresentava o programa A Tarde é Sua, na RedeTV!, que chegou a entrar em contato ao vivo com Lindemberg e com Eloá. A entrevista foi transmitida em rede nacional enquanto a polícia tentava negociar a rendição do sequestrador. A atitude da apresentadora foi duramente criticada por autoridades, familiares e especialistas em segurança pública.
O Ministério Público de São Paulo chegou a cogitar medidas legais contra a emissora, afirmando que a entrevista poderia ter colocado vidas em risco. O episódio intensificou o debate sobre ética jornalística e os limites da imprensa em transmissões ao vivo de casos de grande tensão.
O tema voltou ao debate público em 2023, com o lançamento de documentários e séries que revisitam o crime e a cobertura da época. Especialistas e jornalistas destacaram como a busca por audiência pode influenciar decisões perigosas e eticamente questionáveis.
Quinze anos depois, Sônia Abrão continua à frente de seu programa diário na RedeTV! e evita comentar o episódio.
Lindemberg Alves
Responsável pela morte de Eloá, o criminoso foi condenado, em 2012, a 98 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio, cárcere privado e disparos de arma de fogo. Pouco tempo depois, o Tribunal de Justiça de São Paulo reduziu a pena para 29 anos e 3 meses.
Atualmente, ele cumpre pena na Penitenciária “Dr. José Augusto César Salgado” (P2), em Tremembé, interior de São Paulo, em regime semiaberto. Em março de 2025, teve uma nova redução de pena por bom comportamento e pela participação em cursos e atividades de trabalho na unidade prisional.
















