Fina Estampa: 30 anos de sucesso do álbum de Caetano Veloso

Caetano Veloso no show Fina EstampaReprodução de frame do YouTube

Fina Estampa de Caetano completou, recentemente, 30 anos de lançamento. Passado esse tempo, não há como não o comparar a um bom vinho, pois o tempo acabou apurando o seu sabor e fazendo aflorar seu buquê.

Lançado em 1994 pela gravadora Polygram, hoje Universal Music, esse disco está entre os mais belos que o cantor e compositor baiano já fez. O sucesso na época foi tanto, que até rendeu uma versão ao vivo, em 1995, acrescido de outras faixas que não faziam parte da obra de estúdio.

Sobre o disco

Em geral, quando artistas brasileiros lançam um disco direcionado ao mercado latino-americano, costumam fazer versões de suas músicas e gravá-las em espanhol. Caetano Veloso preferiu fazer totalmente diferente, selecionando músicas que falavam diretamente a seu coração, ouvidas na infância e adolescência vividas em sua baiana Santo Amaro, canções originárias de Cuba, México, Porto Rico, Argentina e Paraguai. À época ele acrescentou que essas músicas não deixam de ser dele também, pois “estão ligadas a recordações de família e de amizade que me dão uma espécie de direito sobre elas – e sem dúvida lhes dão um imenso poder sobre mim”.

Seleção

Muitas das músicas escolhidas por Caetano fazem parte do que poderíamos chamar de clássicos populares da música latina, várias delas dos anos 40 e 50 no século passado, como “Rumba azul”, “Capullito de alelí”, “Contigo en la distancia”, “Lamento borincano” e “María bonita”, entre outras. Merece destaque a gravação da guarânia “Recuerdos de Ypacarai”, de Demetrio Oritz e Zulema de Mirkin, canção que é considerada por alguns uma música brega, mas que na releitura feita por Caetano ganhou outra dimensão, cheia de delicadeza, explorando sutilmente toda a sua beleza.

Morelenbaum em Fina EstampaReprodução de frame do YouTube

O título

Caetano explicou, na época, de uma forma bastante poética, o porquê do nome Fina Estampa dado para o disco. Essa música, composta pela peruana Chabuca Granda, sempre despertou no cantor um certo fascínio, “por ser, à primeira vista, uma canção feita por uma mulher sobre um homem à maneira das canções feitas por homens sobre mulheres”. Ainda dentro de sua leitura poética, partindo dos versos “Cuando por esa vereda/ Tu fina estampa pasea”, ele aprofunda a sua análise, desta forma:

Mas o fato é que, como a palavra “vereda” em português só é usada para designar uma trilha no mato e nunca uma rua ou estrada urbana, esse deslumbrante “cavalheiro” (ou cavaleiro?), que se esconde e exibe o sorriso por sobre um chapéu, sempre me apareceu uma visão de Oxóssi, o orixá da religião afro-baiana a que dizem que pertenço e de quem, portanto, teria as características. Desse modo, “Fina Estampa” me parece o título certo para um disco tão requintado e delicadamente orquestrado por Jaques Morelenbaum – e em que canto com tanto cuidado – ao mesmo tempo que funciona como uma referência a um eu meu bonito, representado na figura do orixá entrevisto nas palavras da valsa de Chabuca.

Fica aqui o convite para quem ainda não ouviu Fina Estampa, seja na versão de estúdio ou ao vivo, fazer essa audição, com certeza não se arrependerá, pois essa é uma das melhores obras de Caetano Veloso. E quem já a conhece, aproveite para ouvir novamente e se deliciar com suas lindas músicas.

Esta coluna é um espaço destinado à cultura e músicas latinas. Mais informações sobre esses temas você encontra em www.ondalatina.com.br   e o Canal Onda Latina: https://www.youtube.com/@canalondalatina 

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