Os dois lados da história em Frankenstein, de Guillermo del Toro

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Monstro.

Substantivo masculino.

Ser disforme, fantástico e ameaçador, geralmente descomunal, que pode ter várias formas e cujas origens remontam à mitologia. Qualquer ser ou coisa contrária à natureza; anomalia, deformidade, monstruosidade. Qualquer ser ou coisa horrenda, pavorosa, excessivamente feia e/ou bizarra. Corpo de conformação anômala na sua totalidade ou em uma de suas partes; aberração. Indivíduo muito ruim, cruel; indivíduo desumano, atroz. Algo que se caracteriza pelo fato de ser colossal, descomunal.

Pelas variadas definições sobre o que é um monstro, percebemos que Frankenstein (2025), de Guillermo del Toro, que ainda se encontra em algumas salas de cinema, e agora, está disponível para os assinantes Netflix, refere-se tanto à Criatura, quanto ao seu criador Victor Frankenstein.

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Não é de hoje que temos conhecimento da relação umbilical, entre o renomado cineasta mexicano e monstros. O próprio, já afirmou, em algumas entrevistas, que sempre viu um pouco da mitologia de Frankenstein em, basicamente, todos (!) os filmes que fez, na carreira.

Deste modo, nada mais restava, a não ser contar, mais uma vez, a história da criação de não apenas um, mas dois monstros.

Baseado no romance Frankenstein; ou, O Prometeu Moderno, de Mary Shelley, publicado em 1818, a história acompanha a vida de Victor Frankenstein (Oscar Isaac), um cientista egocêntrico, cuja experiência na criação de uma nova vida, na forma da Criatura (Jacob Elordi), resulta em consequências ameaçadoras.

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Até o presente momento, um conjunto de 423 longas-metragens, 204 curtas-metragens, 78 séries de TV e 287 episódios de TV conhecidos, apresentaram alguma versão ou interpretação do personagem conhecido como o monstro de Frankenstein.

Então, fica a questão, qual é a razão de Guillermo del Toro para trazer para os tempos atuais, novamente, o conto sobre criador e criatura, criado por Mary Shelley?

Para o cultuado diretor, a resposta encontra-se na dialética, método filosófico de análise que busca a verdade através da contraposição e contradição de ideias, seguindo um processo de tese, antítese e síntese.

Originada na Grécia Antiga com o diálogo socrático, a dialética é vista como um motor do conhecimento e da mudança, tanto no pensamento quanto na realidade social, incentivando a análise crítica e a busca por uma compreensão mais profunda através do conflito, entre conceitos opostos.

Resumindo: Guillermo del Toro quer que ouçamos os dois lados da história para que possamos, em conjunto, apreciar o nascer do Sol.

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Sim, a nova versão de Frankenstein, da Netflix, também circula as temáticas mais conhecidas do romance de Mary Shelley, no caso, a ética científica, a responsabilidade do criador pela sua criação, a rejeição, o isolamento, os limites do ser humano, a busca pelo conhecimento e os perigos da ambição desenfreada. Assim, como também explora o debate entre natureza versus criação e o papel da aparência versus o interior de um indivíduo.

O conto sobre a criatura desenvolvido por Guillermo del Toro tem tudo isso, mais o adicional desta dialética, entre criador e criação, pai e filho: os dois lados de uma história.

E, não parece ser nenhum segredo que para a dialética proposta ter o desenvolvimento necessário, exista apenas um único meio para que isso ocorra que é, individualmente, cada um de nós, praticarmos o ato de dialogar, ou seja, trocar informações, ideias e opiniões. Em resumo: saber falar e ouvir.

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Por Frankenstein, fica muito claro o porquê de o diretor mexicano ter trazido o conto de Mary Shelley à vida, uma outra vez. Ele acredita, de todo o coração, que nós, como seres vivos, estamos necessitando, urgentemente, que olhemos para quem está do outro lado, mesmo que discordando de vários pontos. Á parte, os muito poderosos, que fazem mais do que brincar de Deus, estamos todos no mesmo barco.

E, assim como o personagem do Capitão Anderson, em Frankenstein, de Guillermo del Toro, torna-se necessário que analisemos a atual situação e busquemos compreender se está valendo a pena toda esta perseguição imprudente daqueles que estão do lado oposto.

Talvez, esteja na hora de voltar para a casa, e olhar para dentro.

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