A Raízen anunciou na última terça-feira (15) a suspensão por tempo indeterminado das operações da Usina Santa Elisa, em Sertãozinho, interior de São Paulo. Fundada em 1936, a unidade tinha capacidade de moagem de 6,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra e operava em 36,4 mil hectares.
O fechamento ocorre como parte de um plano de reciclagem de portfólio voltado à eficiência agroindustrial e à redução do endividamento da empresa.
A decisão resultou na demissão de cerca de 2 mil funcionários, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Açúcar, da Alimentação e Afins de Sertãozinho e Região.
A Prefeitura de Sertãozinho estimou que 1.200 pessoas atuavam diretamente na planta. Trabalhadores relataram que as dispensas ocorreram sem aviso prévio.
A presença da Polícia Militar na entrada da usina foi registrada durante os desligamentos, segundo relatos, para evitar depredações.
Na quarta-feira (16), a empresa firmou acordo com o sindicato para garantir o pagamento de verbas rescisórias, abonos e manutenção de benefícios por um período determinado.
O sindicato segue apurando o número exato de afetados, com ênfase no impacto sobre empregos indiretos e na economia de Sertãozinho e cidades vizinhas.
Justificativa
A suspensão da Santa Elisa ocorre em meio à venda de ativos da empresa, segundo nota enviada ao Portal iG. A Raízen assinou contratos para transferir até 3,6 milhões de toneladas de cana por R$ 1,045 bilhão.
Parte dos ativos negociados inclui 10,6 mil hectares repassados à São Martinho S.A., negócio ainda sujeito à aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Também participaram da operação as usinas Alta Mogiana, Bazan, Batatais, Pitangueiras e Viralcool.
Os recursos serão usados para reduzir a dívida da companhia, que somou R$ 38,6 bilhões no terceiro trimestre da safra 2024/25. A empresa também informou que sua dívida líquida atingiu R$ 54,8 bilhões no quarto trimestre de 2024. No mesmo período, registrou prejuízo de R$ 2,7 bilhões.
O fechamento da Santa Elisa impacta diretamente Sertãozinho, cidade com forte presença do setor sucroenergético.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostraram reações de surpresa e descontentamento por parte de ex-funcionários. O sindicato foi procurado pelo Portal iG, mas não respondeu até a publicação desta reportagem.