Rochas trazidas de Marte colocam em risco a vida na Terra?

Em 2017, o filme “Vida” trouxe a história de seis astronautas que são surpreendidos pela primeira forma de vida encontrada fora da Terra. A equipe coletou amostras no solo de Marte e realizou as análises dentro da estação espacial. Mal sabiam eles que a criatura ganharia capacidades inimagináveis — e um desfecho trágico.

É coisa de cinema, sim, mas que não está tão longe assim de ser realidade. A preocupação com possíveis efeitos colaterais de amostras coletadas em Marte existe. E motivou uma equipe da Universidade de Tóquio (Japão) a criar métodos para detectar vida.

O momento não poderia ser melhor, já que as agências espaciais planejam trazer rochas de Marte para a Terra para estudo nos próximos anos. A NASA, por exemplo, anunciou, recentemente, iniciativas para o Mars Sample Return, que buscam designs inovadores para reduzir o custo, o risco e a complexidade da missão, prevista para a década de 2030.

Amostras de Marte são coletadas pelo robô Rover (Imagem: Divulgação/NASA)

O cuidado não se restringe à Marte: na época do programa Apollo, os astronautas que pisaram em solo lunar passavam por procedimentos de descontaminação e, até mesmo, quarentenas, só por precaução.

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Descobrindo vida em Marte

O método criado pelo Departamento de Ciências da Terra e Planetárias da Universidade de Tóquio teve como base rochas antigas ricas em micróbios da Terra, análogas às rochas de Marte que deverão ser trazidas pelos astronautas.

“Nós criamos a espectroscopia óptica fototérmica infravermelha (O-PTIR), que teve sucesso onde outras técnicas não tinham precisão ou exigiam muita destruição das amostras”, explica o professor associado Yohey Suzuki, que participou da pesquisa.

O equipamento lança luz infravermelha sobre amostras com camadas externas removidas e cortadas em fatias. Embora ligeiramente destrutivo, ele deixa bastante material intacto para outros tipos de análises, segundo o cientista.

Análise de rochas com o método O-PTIR (Imagem: Reprodução)

Um laser verde, então, capta sinais da amostra onde foi exposta à luz infravermelha. Com isso, os pesquisadores podem obter imagens de detalhes tão pequenos quanto meio micrômetro, o suficiente para discernir quando uma estrutura é parte de algo vivo.

“Demonstramos que nosso novo método pode detectar micróbios de rochas basálticas de 100 milhões de anos. Mas precisamos estender a validade do instrumento para rochas basálticas mais antigas, com cerca de dois bilhões de anos, semelhantes às que o rover Perseverance em Marte já coletou”, ponderou Suzuki.

A técnica foi avaliada pelo Comitê Internacional de Pesquisa Espacial (COSPAR, na sigla em inglês), que desenvolveu um conjunto de protocolos para aqueles envolvidos na obtenção, transporte e análise de rochas de Marte com o objetivo de evitar contaminação.

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