
O 6º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta quinta-feira (13), estima produção de arroz em 12,1 milhões de toneladas e de feijão em 3,29 milhões de toneladas.
Para o analista Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, o efeito sazonal da colheita dos dois produtos da cesta básica devem fazer os preços caírem e, com isso, resultar em queda do nível inflacionário dos alimentos dentro do Índice de preços ao consumidor (IPCA).
“No entanto, sabemos que o processo inflacionário atual não é decorrente somente da alta de alimentos e essa alta de alimentos não é provocada por qualquer problema dentro do agronegócio, mas está ligada, basicamente, a duas coisas: alta da taxa de juros e alta da inflação”, ressalta.
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Com isso, há o efeito cascata, visto que os fretes, a logística de escoamento e os processos da indústria de embalagens, entre outros fatores, ficam encarecidos, refletindo na alta dos preços nas gôndolas dos supermercados.
“Esses fatores são decorrentes de incapacidade do governo de controlar gastos públicos e de controlar a própria inflação, ou seja, os problemas estão dentro do próprio governo e ele quer buscar essa culpa externamente, querendo culpar o agronegócio, o que é totalmente equivocado”, considera.
Infraestrutura e logística
O analista ressalta que o foco deveria estar direcionado a investimentos para sanar problemas antigos do Brasil: dificuldades logísticas e de armazenamento.
“Não é algo que vá trazer resultado no curto prazo, mas é um problema estrutural. […] no interior do Brasil não há capacidade [de armazenamento]. Com essa safa recorde que está aí, vamos ter um déficit de armazenagem recorde de 121 milhões de toneladas. Isso faz com que o produtor tenha que vender logo após a colheita a preço baixo para depois termos uma alta [de preços] na entressafra.”
Cogo destaca que essa volatilidade de preços é prejudicial para a inflação. “A logística interna, o escoamento pelo Arco Norte melhorou ao longo dos últimos anos, sendo que estamos escoando 38% das exportações de grãos pelo Arco Norte e o restante pelo Arco Sul, porém, 55% da safa brasileira está no Arco Norte, então ainda há uma sobrecarga nos portos do Sul, bem como nos eixos rodoviários, ferroviários e hidroviários”, pondera.
Assim, para o analista, apostar em melhoria logística e capacidade de armazenamento é a única saída para diminuir a volatilidade do preço dos alimentos e para manter a inflação em níveis mais estáveis. “Essas coisas reduziriam toda essa pressão que o setor [o agronegócio] está sofrendo e ‘pagando o pato’ por uma coisa que não é culpa dele. É urgente esse aporte de recurso em infraestrutura. O Brasil não consegue mais crescer em safra sem ter investimento em infraestrutura.”
Cogo ainda destaca a disparidade entre o crescimento da safra a cada ano, em torno de 4,8%, e da capacidade de armazenagem de grãos no país, de apenas 2,6%.
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