O presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (7) o envio de cartas a diversos países notificando a aplicação de tarifas de importação entre 25% e 40% a partir de 1º de agosto.
A medida atinge nações que não firmaram acordos comerciais bilaterais com os Estados Unidos dentro do prazo estabelecido para negociações.
As cartas, publicadas previamente na plataforma Truth Social, foram enviadas a cerca de 12 a 15 países, com previsão de novos envios nos próximos dias.
Entre os países já notificados estão Japão, Coreia do Sul, Malásia e Cazaquistão, que enfrentarão tarifa de 25% sobre todos os produtos exportados para os EUA. África do Sul terá tarifa de 30%, enquanto Laos e Mianmar receberão alíquota de 40%.
As cartas alertam que qualquer medida de retaliação pode gerar tarifas adicionais. Também sugerem que empresas desses países podem evitar as taxas ao transferir operações industriais para o território americano, com promessa de aprovações rápidas.
O governo americano justifica a medida como uma resposta a déficits comerciais, alegando que as relações atuais não são recíprocas. Trump afirmou que a política visa proteger a indústria nacional e incentivar a produção dentro dos Estados Unidos.
A imposição de tarifas já havia sido anunciada em abril de 2025, quando o presidente estabeleceu uma taxa base de 10% para a maioria dos países e ameaçou aplicar alíquotas de até 50%.
Após reações negativas dos mercados, ele suspendeu temporariamente as taxas mais elevadas por 90 dias. O prazo, que terminaria na quarta-feira (9), foi prorrogado até 1º de agosto.
No Japão, o primeiro-ministro Shigeru Ishiba classificou as tarifas como decepcionantes e tentou negociar isenções, sem sucesso. Na Coreia do Sul, não houve manifestação oficial até o momento.
Na África do Sul, o presidente Cyril Ramaphosa propôs a compra de gás natural liquefeito dos EUA em troca da exclusão de tarifas para setores como veículos e aço.
Mercado financeiro

No mercado financeiro, o anúncio provocou queda nas bolsas. O S&P 500 recuou 1,2%, o Dow Jones caiu 1,4% e o Nasdaq registrou baixa de 1,2%. O índice Nikkei 225, do Japão, chegou a cair 7,8% no anúncio inicial das tarifas em abril.
O impacto também afeta consumidores americanos, que devem pagar mais caro por produtos importados, como veículos e eletrônicos. No Japão, a medida pode reduzir o Produto Interno Bruto em 0,8%, segundo projeções citadas por autoridades locais.
Decisão de Trump
Trump utiliza a Lei de Expansão Comercial e a IEEPA (Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional) como base legal para as tarifas. Ambas permitem ações unilaterais em nome da segurança nacional, embora o uso do IEEPA esteja sendo questionado judicialmente.
Alguns países conseguiram acordos comerciais para mitigar as tarifas. O Reino Unido, por exemplo, firmou acordo em maio mantendo a alíquota de 10% com benefícios a setores específicos.
O Vietnã também negociou a redução das tarifas para 20% em produtos diretos e 40% em bens de transbordo.
Com a China, foi firmado um acordo provisório que reduziu as tarifas de 145% para 30% sobre produtos chineses, enquanto Pequim baixou taxas de 125% para 10% em itens americanos. A União Europeia e a Índia seguem em negociação sem avanços significativos.
Trump também sinalizou possível sobretaxa de 10% a países que, segundo ele, adotem políticas alinhadas ao bloco BRICS, o que inclui Brasil, Rússia, China, África do Sul, entre outros.