YOHAN divaga como a arte pode ser provocativa em ‘Dominatrixxx’

YOHAN divaga como a arte pode ser provocativa na inédita ‘Dominatrixxx’Foto: Divulgacao

Em seu mais recente lançamento, Dominatrixxx, o cantor YOHAN apresenta um manifesto contra os tabus e crenças pré-existentes, desafiando padrões da sociedade com uma mistura ousada de temas como empoderamento feminino, sensualidade e crítica ao patriarcado.

O artista destaca que seu objetivo não é mudar o mundo, mas impactar aqueles que estão dispostos a se abrir para novas perspectivas.

A colaboração com Clementaum foi essencial para essa proposta, criando uma parceria autêntica e genuína, distante da superficialidade comum em muitos feats atuais. Juntos, eles trouxeram à tona uma narrativa visual impactante no videoclipe, que mistura referências de fetiche e elementos religiosos para questionar a hipocrisia humana, especialmente a hipocrisia religiosa, em um jogo de provocações e metáforas.

Em um bate-papo franco, YOHAN também abordou as plataformas digitais, destacando as vantagens e desafios que elas trazem para a carreira de um artista independente, especialmente em termos de acessibilidade e remuneração. Apesar das dificuldades do cenário atual, o artista espera que sua música, além de ser uma provocação, leve as pessoas a se divertirem, dançarem e, quem sabe, se desconstruírem enquanto experimentam o novo e o disruptivo.

Confira a entrevista:

Você menciona que a música é um manifesto. Como você acredita que “Dominatrixxx” pode impactar a sociedade, especialmente no contexto atual?

“Se “Dominatrixxx” vai impactar a sociedade? Não sei, e nem tenho mais essa pretensão como antes. Já fui muito mais sonhador nessa ideia de mudar o mundo. Hoje, quero pelo menos impactar nem que seja uma comunidade, ajudar as pessoas a enxergarem as coisas de outra forma, sair do convencional e abrir a cabeça de quem queira isto. No fim, isso também é um impacto na sociedade, só que em uma escala bem menor do que eu já quis um dia. Mas “Dominatrixxx” tem essa ambição sim: libertar as pessoas de tabus, questionar crenças pré-existentes e desafiar verdades absolutas. Não adianta, eu sou artista. De forma mais intensa ou não, eu sempre vou estar tentando impactar a sociedade, né?”

Em “Dominatrixxx”, a letra e a sonoridade buscam subverter expectativas. Qual foi a maior dificuldade ao criar algo tão disruptivo? 

“Que pergunta maravilhosa, eu amei! Bom, acho que a letra em si não é tão disruptiva para mim ou para você, mas pode ser para uma grande parte da sociedade ainda machista, misógina e preconceituosa. Então, escrever foi algo bem natural, nada forçado. Para mim, “se achar o tal” como eu canto na música, é mais uma questão de caráter e personalidade do que um debate sobre inverter os papéis do homem ou da mulher, sabe? Mas, claro, tem sim uma crítica ao patriarcado e ao machismo ali de forma totalmente proposital. Agora, na sonoridade, acho que “Dominatrixxx” tem um toque disruptivo. Não vejo muita gente fazendo essa mistura que venho explorando na trilogia de EPs: dance music e disco, como Dua Lipa, The Weeknd, Doja Cat já trouxeram, e até mesmo a Gaga em “Chromatica” e Beyoncé em “Renaissance”. Mas, sendo brasileiro, quis trazer o funk também, que é um dos gêneros mais ouvidos aqui em Los Angeles e está ganhando espaço globalmente. Então misturei o que está acontecendo lá fora com o que bomba aqui, tudo dentro do meu gosto musical. E, sinceramente? Acho que ficou muito bom!”

O videoclipe de “Dominatrixxx” foi descrito como um espetáculo visual ousado. Qual a importância de criar um visual que acompanhe a intensidade da música?

“Olha, não sei quem descreveu o clipe assim, mas eu adorei [risos]. Eu sempre digo que música e visual são irmãos gêmeos. Quando estou compondo, já imagino os looks, as cenas, toda a concepção. E como sou responsável pela direção criativa dos meus clipes, essa conexão entre som e imagem é essencial. Ainda mais numa música que fala de fetiche, sensualidade e sexualidade. Sabendo disso, quis explorar ao máximo dentro dos recursos, tempo e agenda que tínhamos. O resultado ficou artístico e conceitual, especialmente na introdução, que traz uma construção visual mais simbólica. Já no decorrer do clipe, a narrativa se torna mais direta e provocativa, mas sem perder o impacto. Acho que conseguimos encontrar o equilíbrio certo entre o conceito e o instinto”

O que representaram para você as metáforas visuais do clipe, especialmente a presença de elementos religiosos?

“As metáforas visuais do clipe ilustram a hipocrisia humana, especialmente quando alguém acredita em verdades absolutas e ignora outras perspectivas. Usei o catolicismo como ponto de partida porque é uma religião cheia de regras sobre o que pode ou não ser feito, mas onde, ironicamente, muitos “pecam”. Além disso, escândalos de roubo, abuso e crimes dentro de instituições religiosas são frequentes, não só no catolicismo, mas em várias crenças. Como a igreja, o crucifixo e seus símbolos são tão marcantes, essa crítica não só provoca uma reflexão cultural e religiosa, mas também cria um forte impacto visual sobre os desejos – obscuros ou não”

Em “Dominatrixxx”, a presença de Clementaum tem um papel muito importante. Você acredita que a colaboração entre vocês representa uma nova forma de parceria na música atual, mais focada na narrativa e na energia compartilhada?

“A Clementaum foi essencial nessa música, parceria e clipe por vários motivos. Além de ser super talentosa e representar essa mulher poderosa e à frente do seu tempo, nossa amizade trouxe uma conexão genuína para a parceria. Nos conhecemos na pandemia e sempre acreditamos um no outro, então essa colaboração nasceu de forma muito real. Hoje, vemos muitos feats sem sinergia, focados apenas em números e estratégia – o que não é errado, mas faz diferença no resultado final. Parcerias como essa, com entrega e vontade, deveriam acontecer mais, embora dependam de muitos fatores e, principalmente, dos próprios artistas”

Com a faixa “Dominatrixxx” disponível nas principais plataformas de música, qual a importância dessas plataformas para a sua carreira, e como você acredita que elas podem contribuir para levar sua música a mais pessoas?

“Sim, “Dominatrixxx” está em todas as plataformas de música, incluindo o YouTube, onde a experiência fica ainda melhor com o clipe. Mas confesso que sinto falta da era dos CDs. Essas plataformas vendem a ideia de democratização e acessibilidade, mas pressionam muito mais o artista, sobretudo os independentes. E sejamos sinceros, a remuneração não é nada justa. Não que a tecnologia não seja incrível para quem consome. É fácil, acessível e, muitas vezes, grátis (o que, ironicamente, acaba desvalorizando o trabalho e o investimento dos artistas). Só acho que o sistema poderia ser mais justo e equilibrado”

O que você mais espera alcançar com a música e a mensagem de “Dominatrixxx”?

“Apesar da crítica ao machismo e à hipocrisia, meu objetivo é que as pessoas se divirtam, dancem, batam cabelo, transbordem desejo e, no meio disso tudo, se desconstruam e experimentem o novo”

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