Usinas estão mais preparadas para enfrentar atual crise do setor, aponta banco

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Foto: Divulgação CB Bioenergia

As usinas do setor sucroenergético estão em melhor posição financeira e mais preparadas para enfrentar este momento em comparação à última crise do setor, há dez anos.

A avaliação faz parte de estudo do Itaú BBA, que analisa 48 grupos responsáveis por cerca de 53% da moagem do Centro-Sul. Entretanto, a instituição reconhece que o cenário da safra 2025/26 é desafiador e tende a continuar pressionando os resultados ao longo da temporada 2026/27.

O banco ressalta que o mercado passa por um período de virada que exige atenção, ainda que as condições financeiras sejam mais saudáveis.

De acordo com o levantamento, o setor deve iniciar a safra 2026/27 com índice médio de liquidez de 2,7x, o dobro do observado na safra 2015/16 (1,3x). A alavancagem (Dívida Líquida/EBITDA) é hoje 51% menor, atingindo 1,8x.

Acesso a linhas de crédito

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Foto: Canal Rural

O estudo do Itaú BBA considera que a melhoria em governança, gestão de riscos e rentabilidade tem ampliado o acesso do produtor a linhas de crédito de longo prazo, a custos mais competitivos, o que reforça a liquidez do setor.

Assim, a relação entre caixa e dívida de curto prazo também evoluiu. Cerca de 54% dos grupos analisados mantêm reservas superiores a 1,5x a dívida de curto prazo, patamar associado a menores custos financeiros e maior geração de EBITDA.

“Esses indicadores mostram que o setor entendeu a importância de manter um índice de liquidez confortável e uma dívida mais baixa em um mercado volátil. […] O foco em governança tem sido um diferencial, permitindo custos financeiros menores mesmo com o cenário macroeconômico desafiador”, avalia o diretor de Agronegócio do Itaú BBA, Pedro Fernandes.

De acordo com o relatório, as companhias têm buscado linhas de crédito mais estruturadas para investimentos em canaviais, ativos imobilizados e novas aquisições de áreas e usinas.

A participação do mercado de capitais na dívida das empresas passou de 13% em 2019 para 27% em 2025, refletindo a melhora na qualidade da carteira de crédito em relação ao período pré-pandemia. No mesmo intervalo, a participação do banco na dívida total do setor cresceu de 14% para 20%.

Grupos de usinas

O estudo considera um recorte da carteira do banco, com avaliações financeiras e qualitativas que classificam as usinas em quatro grupos – A, B, C e D.

As empresas do Grupo A apresentam melhor saúde financeira e governança, enquanto as do Grupo D são as que ainda enfrentam maiores desafios ou têm espaço para aprimorar a gestão.

Segundo a instituição, nos últimos seis ciclos, há uma migração gradual das usinas para grupos mais bem posicionados, impulsionada por avanços em gestão e governança, além de preços favoráveis de açúcar e etanol.

Apenas uma das 12 usinas do Grupo D permaneceu nessa categoria. Outras três deixaram o portfólio do banco e, portanto, não foram consideradas no levantamento mais recente.

No relatório divulgado em outubro de 2024, o Itaú BBA apontava tendência de redução do endividamento, em um contexto de preços ainda favoráveis. Desde então, o cenário se alterou, resultando em aumento do endividamento bancário para R$ 161 por tonelada na safra 2025/26 (que se encerra em 31/03/2026).

O movimento é explicado por quatro fatores:

  1. Queda no preço do açúcar;
  2. Custo mais alto da dívida;
  3. Operações de fusões e aquisições; e
  4. Investimentos em expansão, como irrigação, biogás e maquinário agrícola.

Os investimentos realizados foram superiores ao inicialmente projetado, o que levou a um pico de alavancagem na safra atual. Contudo, conforme o banco, os aportes foram feitos com linhas de longo prazo, o que dá maior previsibilidade financeira. “Normalmente, as aquisições de canaviais próximos às usinas geram ganhos de escala e redução de custos logísticos”, diz o estudo.

Para concluir, o banco avalia que diferentemente do estudo anterior, quando os preços mais altos favoreciam a desalavancagem, o setor entra agora em um período que exige cautela para novos investimentos em expansão, considerando a pressão sobre preços e custos financeiros. Ainda assim, observa-se maior uso de instrumentos de hedge, o que pode proteger margens e contribuir para reduzir a alavancagem na safra 2026/27 caso haja recuperação no preço do açúcar.

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